quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Oclusão Vascular

A oclusão vascular combinada com exercícios de força tem sido discutida no meio científico já há algum tempo, com evidências de alterações importantes desde 1974. A oclusão consiste em aplicar pressão controlada em uma região, com uso de equipamentos que permitam o controle da pressão exercida (como o esfigmomanômetro e manguito para aferição da pressão arterial).

A aplicação da pressão em algum segmento (coxa, braço...), associada à execução de exercício de resistência, tem influenciado a concentração de hormônio do crescimento, ocorrendo maior liberação endócrina após a aplicação da técnica. Agora vem a questão: vou executar meus exercícios de força associados a aplicação de oclusão vascular? Durante os cursos e discussões sobre o tema que ministramos no campo da prescrição do exercício físico, essa questão sempre aparece.

Por meio de consulta a alguns ensaios científicos é possível identificar o sucesso do sistema, com resultados na hipertrofia. O problema está na generalização dessas informações. Vamos analisar dois trabalhos experimentais para discutir a aplicação da técnica. Não é o objetivo fechar a discussão, apenas mostrar outra forma de analisar as informações em trabalhos respeitados.

Em 2000, Takarada e colaboradores publicaram um ensaio experimental feito em pacientes que passaram por reconstrução do ligamento cruzado anterior (lesão de joelho comum em atletas ou esportistas recreacionais). O grupo tratado recebia duas sessões diárias, do 3º ao 14º dia depois da operação, de oclusão vascular (pressão média de 238 mmHg) por cinco minutos com intervalo de três, compondo cinco repetições por sessão.

O grupo controle não recebeu nenhum tratamento pelo mesmo período de análise após a cirurgia. Com uso de ressonância magnética percebeu-se que o grupo controle perdeu mais área de secção transversa dos músculos da coxa que o grupo que recebia a oclusão (extensores: 20,7% X 9,4%, flexores: 11,3% X 9,2%, respectivamente). O uso da oclusão no método acima diminui a perda de massa muscular após esse tipo de cirurgia.

Esse trabalho destaca bem a aplicação da oclusão vascular: em pessoas debilitadas, em estados de incapacidade para suportar cargas. São situações nas quais a atividade física está limitada e o uso da oclusão pode facilitar o processo de melhora da qualidade de vida por qualquer limitação física que resulte em diminuição da massa muscular.

Outro estudo, agora em 2009, aplicou protocolo de treinamento físico em senhoras, por 16 semanas. Foi executado o movimento de flexão de cotovelos em três séries com repetições máximas. O grupo que recebeu a oclusão (110 mmHg) executou a flexão entre 30-50% da Uma Repetição Máxima, enquanto outro grupo executou a mesma intensidade sem oclusão e um terceiro grupo executou o exercício com carga de 80% da 1RM.

Ao final do experimento houve aumento da área de secção transversa dos flexores de cotovelos, com o grupo que recebia a oclusão vascular alcançando maior hipertrofia que o grupo sem oclusão, mas estatisticamente igual ao grupo com a carga mais elevada. O trabalho termina com a seguinte conclusão: “a combinação de baixa intensidade de exercício e oclusão vascular moderada é um meio potencial para acelerar a recuperação de massa e força muscular de pessoas idosas”.

É importante lembrar que oclusão vascular de baixa intensidade (50 a 100 mmHg) associada a baixa intensidade do treino de força (até 20% da 1RM) já promovem hipertrofia em três semanas. A técnica tem valor para condições especiais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário